Entrevista com Rita Moreira, Presidente da Comissão Organizadora do CIFI 2025

11 abril, 2025

Hoje entrevistamos a Fisioterapeuta Rita Moreira, Pós-Graduada em Fisioterapia Invasiva, Mestre em Fisioterapia no Desporto, Vice-Presidente da SOCIFIN-Portugal, a exercer na Clínica Fisiovida no Porto e Presidente da Comissão Organizadora do CIFI 2025 no Porto. – Como surgiu a ideia de organizar o CIFI em Portugal? Receber o CIFI no Porto é mais do que organizar […]

Hoje entrevistamos a Fisioterapeuta Rita Moreira, Pós-Graduada em Fisioterapia Invasiva, Mestre em Fisioterapia no Desporto, Vice-Presidente da SOCIFIN-Portugal, a exercer na Clínica Fisiovida no Porto e Presidente da Comissão Organizadora do CIFI 2025 no Porto.

– Como surgiu a ideia de organizar o CIFI em Portugal?

Receber o CIFI no Porto é mais do que organizar um congresso – é acolher o futuro da fisioterapia invasiva no coração da nossa cidade. Na verdade, já era algo desejado pela SOCIFIN há mais de 5 anos. O CIFI era para ser realizado no Porto, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto no ano de 2020, se não fosse a pandemia a atrasar os planos.

Quando observamos o desenvolvimento desta área a nível internacional, principalmente em Espanha, vemos uma grande evolução. Em Portugal, nos últimos anos têm-se vindo a desenvolver muito a prática clínica e a oferta formativa (no ensino superior inclusive), contudo, a investigação científica carece de dinâmica, interesse e envolvimento, mas diria ser um gap na Fisioterapia no geral. Acredito que este tipo de iniciativas com cariz científico, como o Congresso Internacional, possam ser fundamentais na promoção e desenvolvimento da investigação dentro da comunidade de fisioterapeutas portugueses.

– O que te motivou a aceitar o desafio?

Em primeiro lugar por ser um orgulho imenso poder receber este evento internacional na nossa cidade, no nosso Porto. Em segundo lugar, pela importância de trazer a Portugal os avanços da Fisioterapia cimentados pela investigação, impulsionando uma prática clínica sensata e coerente guiada pelas boas práticas, reforçando a importância do guia ecográfico, da formação e investigação para o contínuo crescendo da nossa profissão. Em terceiro, mas não por último, por confiar que tinha uma equipa de trabalho a meu lado que tudo fara para levar este evento a bom porto.

– Que impacto pensas que terá na fisioterapia invasiva em Portugal a curto e médio prazo?

Quero acreditar que este evento contribuirá para um maior esclarecimento sobre a área para os profissionais que a desconheçam e guardem reservas sobre a mesma. A falta de conhecimento e a consequente resistência pode ser perigosa para a evolução na prestação dos serviços de saúde.

Embora a utilização da ecografia musculoesquelética em fisioterapia e as técnicas percutâneas ecoguiadas em fisioterapia sejam mais comuns em condições musculosqueléticas, tem-se vindo a denotar um maior desenvolvimento da sua utilização em diferentes áreas de atuação (Saúde da Mulher, Dermatofuncional, Neurologia, Respiratória, etc).

Queremos debater esta tendência e dar visibilidade ao trabalho já desenvolvido, promovendo o seu crescimento clínico e académico. No fim do dia, falamos em melhorar a avaliação, o raciocínio clínico e a prática da fisioterapia.

– Como vês a evolução da fisioterapia invasiva em Portugal?

Creio que a evolução terá impreterivelmente que passar pela regulamentação e incentivo da formação de qualidade em ecografia músculo-esquelética em fisioterapia e técnicas percutâneas ecoguiadas, por potenciar dentro do ensino superior condições que permitam o crescimento da investigação científica dentro da área e de pontos importantes para o presente e futuro, nomeadamente nos temas da segurança, custo-benefício, mecanismos de ação, eficácia, etc.

Indo de encontro ao publicado Relatório do Gabinete de Estudos e Planeamento (Agenda de Investigação para a Fisioterapia em Portugal) pela Ordem dos Fisioterapeutas que aponta como prioridade de investigação em Portugal “a avaliação do custo-efetividade das intervenções de Fisioterapia, a otimização dos modelos de prestação de serviços, e a melhoria dos modelos de educação, desenvolvimento profissional e qualidade.”

– Quais foram as temáticas prioritárias no desenvolvimento do programa científico?

Como referido anteriormente, no desenvolvimento do programa científico existiu a preocupação em criar um espaço de partilha que reflita a expansão da ecografia e técnicas percutâneas ecoguiadas nas diferentes áreas da fisioterapia e que as potencie.

Relativamente à dosificação, principalmente no que toca às técnicas de neuromodulação percutânea e eletrólise percutânea, é referido em revisões sistemáticas mais atuais que apesar de existirem resultados benéficos na aplicação destas abordagens há uma heterogeneidade na dosagem e que este é um fator limitante na investigação, então, é essencial discutir esta temática para otimizar a utilização e consequentemente os seus resultados.

Foi também muito importante para nós que existisse uma mesa para se discutir temas fulcrais como as boas práticas, a segurança das intervenções, os requisitos formativos para dotar o fisioterapeuta deste tipo de competências, o consentimento informado, a responsabilização do fisioterapeuta, etc., dado que é uma área recente e quer requer este tipo de reflexão.

Esperamos por todos no Porto, para juntos fazermos crescer a fisioterapia invasiva em Portugal.